Engraçado como as coisas nos fluem
Os poetas organizam melhor o seu inconsciente
Meus melhores poemas não saem de teclas
Bem como os meus melhores sentimentos não utilizam palavras
O que me inspira é o brilho da ponta,
No calor suave do sol matinal
Na ponta prateada da caneta
Na ponta dos pés pra não causar estardalhaço
Ou na ponta dos cascos pra não chegar em primeiro
Pois algo aqui dentro tenciona
Algo ainda me deixa insatisfeito
Não é a falta de algum carinho afetivo
Talvez a sobra dele e eu não conseguir dize-lo
Ao enclausura-lo dentro do meu apertado e espremido peito
Pois digo, digo e ainda grito.
Grito no pior dos gritos
Sufocados pelas lágrimas que não escorrem do meu rosto
Cortantes sem ao menos causarem dor
Pois quando escrevemos, sofremos em dobro
Bem quando estamos apaixonados
Como uma criança que sente prazer em arrancar a casca do seu machucado
Mas fecha seus olhos ao ver o sangue escorrer.

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